Relato de Experiência - Personagem: Lúcio - Por Romero Oliveira

Quem tem me acompanhado pelas redes sociais, tem visto várias publicações intituladas “Projeto Lúcio”, do que se trata? Ah, é que pela primeira vez resolvi compartilhar com todos, as minhas pesquisas no processo de criação de uma personagem, para isso, dividia com os meus seguidores algumas imagens, vídeos, músicas e textos que me alimentavam durante o processo criativo. Como esta imagem abaixo, por exemplo:

Lucio é luz feito homem,  é um homem do povo, devoto, espiritual, chega a ser ‘shamanico’.  

Por não conseguir ver como as outras pessoas, Lúcio aprendeu a enxergar com o coração, tendo como missão “ensinar que o sábio é o que enxerga o mundo com os olhos da luz”.

Eu, interpretando o cego Lúcio, “assisto” da platéia, toda a novena que acontece antes do espetáculo, e um fato grandioso me comoveu durante este momento. É que no dia da estréia uma senhora veio a mim, segurou a minha mão e perguntou:

- Qual o nome do senhor?

- Lúcio – respondo.

- Muita fé Lúcio, muita fé. Eu vou rezar pelo senhor, Santa Luzia está com a gente ouviu?

Eu agradeci, ela beijou a minha mão e partiu. Naquele momento, um sentimento de alegria, invadiu o meu peito, uma vontade de chorar me tomou. E ali eu não era mais Lúcio. Era um ator emocionado. No outro dia, durante a novena, senti uma mão tocar minha cabeça, e um sentimento de paz me veio:

- O senhor de novo por aqui? – O meu coração acelerou ao ouvir aquela voz, e enquanto eu confirmava com a cabeça a voz continuava a dizer - Eu também sou devota, sabia?  Venho há 29 anos, sempre de pé no chão.

Toquei os pés dela, e sorri. Sim, ela estava descalça. A senhora deu uma risada e continuou:

- O senhor, vê o mundo com os olhos da esperança. Eu estou rezando pelo senhor, reze por mim também, meu nome é Luiza. – O que eu mais queria naquele momento, era ver o rosto daquela mulher, queria saber quem era aquele anjo que estava cuidando de mim.

- Vou rezar pela senhora – Eu lhe falei, com um nó na garganta e a voz embargada.

Ela abriu a minha mão e disse:

- Tome esse tercinho, pra o senhor lembrar de mim – Nesse momento o hino de Santa Luzia começou a tocar, foi quando dona Luiza segurou a minha mão e levantou para o céu. Naquele instante eu sabia que bênçãos caíam sobre nós. Então pude ter certeza então de que Romero ou Lúcio nunca estiveram sozinhos...

Dona Luiza mais uma vez não ficou para assistir o espetáculo, mas fiz toda apresentação dedicada à ela... E com o tercinho na mão. O tercinho que ganhei do anjo que quero conhecer.

Momentos como este, são únicos... 

“Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha e não nos deixa só, porque deixa um pouco de si, e leva um pouquinho de nós. Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso.”

Agradeço a Todos.

Até a próxima.

Romero Oliveira.